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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Liberdade e Informação

Esses dias recebi um e-mail com o discurso de um pastor falando sobre as iniquidades nos dias de hoje. Um dos temas, ou uma das iniquidades expostas ali foi a legalização do aborto. Tema que há tempos vem sendo amplamente discutido por político, lideres religiosos e por civis, e que, com toda certeza esta longe de chegar a um fim.


Eu, pessoalmente, quando penso no assunto travo uma batalha interna, e não consigo chegar a uma opinião final. Enquanto cristã, sou contra o aborto. Mas enquanto cidadã de uma país como o Brasil, pobre de educação, pobre de saúde e principalmente pobre de políticos com boa vontade, reflito um pouco mais sobre o assunto. Talvez fosse melhor deixar a escolha pelo “livre arbítrio” e não tornar isso uma imensa discussão religiosa e político-partidaria. Vendo estatísticas, que assustam, sobre mulheres que procuram clinicas clandestinas para a pratica de aborto e pior ainda, quando essas estatísticas ganham rostos e nomes... vizinhas, conhecidas, amigas de infância que se submetem a isso e ficam com seqüelas físicas e, na maioria das vezes, psicológicas desse ato, isso quando não perdem a vida... vou mais fundo na discussão e reflito na condição de mulher, amiga, de ser humano...

Vendo crianças que nascem com problemas físicos e mentas, má formação.... crianças que não são o filho querido e sim restos de um aborto mau sucedido... Vendo meninas de 11, 12, 13... anos que engravidam, meninas que são frutos de famílias desestruturadas, famílias alcoólatras, famílias entorpecidas pela mediocridade da vergonha de falar sobre sexo com seus filhos... Mediocridade que vem de pensamentos retrógrados, pensamentos impostos por “igreja” e crenças que vendam os olhos de seus seguidores, enquanto encobrem pedofilia, estupros, agressões e outros crimes cometidos por seus membros e, até mesmo por seus lideres. Pensamento esse que se estende até as salas de aulas, onde pais se manifestam contra aulas sobre reprodução humana, métodos anticoncepcionais, uso de camisinha e planejamento familiar. “Imagina meu filho aprendendo sobre sexo na escola, que absurdo”. Absurdo? Reclamam na escola, mas permite que os filhos assistam novelas, onde a adolescente fica grávida e fala de sexo abertamente. Permite que os filhos assistam filmes e programas impróprios para a idade... Famílias que abusam, exploram e ignoram seus filhos estão lá na porta da escola reclamando, pedindo para que os professores não façam sua obrigação.... Se manifestando para a que escola não forme cidadãos conscientes de sua responsabilidade diante da vida e da família, pedem ali que a escola apenas forneça aos seus filhos uma graduação e uma formação medíocre, tal como seus pensamentos....

Diante disso tudo, eu penso... será que melhor do que discutir sobre a legalização ou não do aborto, não seria melhor discutir políticas públicas que melhorem a vida das pessoas. Crianças que são vitimas de abuso e maus tratos são levadas para abrigos, onde vão sofrer abusos e maus tratos ainda piores... A mulher que vai à delegacia reclamar sobre violência doméstica encontra obstáculos e humilhação para oficializar sua denuncia...Doentes que morrem em filas de hospitais a espera de atendimento. Por isso, e por outros infinitos descasos, muitas vezes a sociedade. se cala... Quando debatemos um assunto tão polemico, temos que expandir nosso campo de visão, pois essa é uma discussão que vai muito além do que esta diante dos olhos. Nesse momento estamos debatendo todas as nossas injustiças sociais, nosso atraso tecnológico, nossa condição de país subdesenvolvido, nossa democracia, enfim nossa incapacidade enquanto nação.

Por isso na discussão da legalização do aborto e outros tantos tema eu voto no livre arbítrio. Liberem o aborto, liberem a maconha, liberem o casamento gay, liberem a prostituição... Mas informem a sociedade, formem cidadãos, estruture as famílias, crie oportunidades aos jovens, punam os criminosos (inclusive os políticos) e principalmente valorizem a vida, fazendo com que todos tenham amor a sua e a vida do próximo

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